sexta-feira, 30 de dezembro de 2016

MARIAZINHA GUINLE


 . Av. Atlântica, 1702 - Copacabana  



O Réveillon da praia de Copacabana, uma das maiores atrações turísticas do Rio, reúne em sua orla milhões de pessoas vestidas de branco e irmanadas com o mesmo sentimento, lançando suas preces e oferendas a Iemanjá. A festa culmina com o show de fogos de artifício, que teve seu início em 1981, comandada por Ricardo Amaral, bem em frente ao Hotel Copacabana Palace, ícone da hotelaria carioca.
Natural, portanto, que para encerrar o tema “Natal e Festas” de dezembro, nosso olhar se volte para D. Mariazinha Guinle ( 1911 - 1993) que, por tantos anos, comandou o hotel e nele residia.


Construído por Otávio Guinle, quinto filho de Guilhermina e Eduardo Palassim Guinle, o emblemático Copacabana Palace Hotel tornou-se um símbolo dos Guinle e do próprio Rio de Janeiro, ajudando a transformar a praia em que foi erguido em uma das mais famosas do mundo. 

Ocupando quase uma quadra inteira na Avenida Atlântica, o “Copa”, como é carinhosamente conhecido pelos íntimos, foi projetado pelo arquiteto Joseph Gire, autor dos projetos de todos os palácios construídos na cidade pela família Guinle, além do quase finado Hotel Glória.

Até 1951, Otávio, casado em segundas núpcias com Maria Izabel Rodrigues Pereira, morou na esquina da Avenida Atlântica com Figueiredo Magalhães, na casa de praia de sua mãe Guilhermina e que pertencia aos seus irmãos.

Como ele não era herdeiro, a família se mudou para o hotel, a princípio provisoriamente, instalando-se na famosa Suíte B, servidos pelo casal de fiéis camareiros portugueses Cacilda e Artur.
“A casa da Atlântica era um casarão em estilo normando que ocupava um quarteirão, indo da esquina da Rua Figueiredo Magalhães até a Domingos Ferreira. Tinha uma grande piscina de água salgada, construída pelo recato da matriarca Guilhermina, para não ter de se expor indo à praia.” (texto/livro Os Guinle, Clóvis Bulcão)
Foto :Augusto Malta - reprodução

O castelinho da matriarca Guilhermina Guinle, era uma das maiores casas da orla do bairro e ocupava o centro de um grande terreno que ia até a rua Domingos Ferreira.Foi construído na década de 1910 para ser a casa de veraneio dos Guinle, e possuía um belo jardim frontal de frente para a praia.
O castelinho dos Guinle foi demolido nos final dos anos 1940, sendo substituído pelo Edifício Camões, inaugurado em 1952, provavelmente o primeiro grande prédio em volume da Avenida Atlântica.

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Edifício Camões


Durante as décadas de 30 e 40, até 1946, o hotel fervilhava e era o centro dos acontecimentos sociais da cidade. O Golden Room, inaugurado na década de 30 como a primeira casa de espetáculos da América Latina, abrigou artistas consagrados como Dionne Warwick, Josephine Baker, Ella Fitzgerald, Marlene Dietrich, Ray Charles e Nat King Cole.

Entre seus hóspedes figuraram membros da realeza, presidentes, astros do cinema e da música, esportistas, políticos, executivos que visitavam a cidade e personalidades importantes em vários campos de atuação, nomes como Santos Dumont, Gene Kelly, Orson Welles, Nelson Mandela, Princesa Diana, Príncipe Charles e Arturo Toscanini. Seu Livro de Ouro vem sendo assinado por hóspedes ilustres há oito décadas e o hotel também tem uma galeria de fotos das principais personalidades que ali se hospedaram.

O primeiro baque veio em 1946 com o fechamento dos cassinos. Com o decreto do presidente Dutra, o hotel teve de se readequar e perdeu sua base de sustentação.

Outro grande golpe foi a morte de Octávio, em 1968. O hotel mergulhou em uma grave crise econômica e dona Mariazinha passou a gerenciá-lo: cortou despesas e realizou uma grande reforma, pois o hotel precisava de modernização. E contratou Ricardo Amaral, empresário da noite, para tentar reviver os dias de glória do Golden Room,

Amaral, conhecido como o rei da noite carioca, resolveu incrementar a festa com uma queima de fogos nas areias da praia. Nessa primeira edição, em 1981, cerca de 500 pessoas lotaram o Golden Room para assistir o espetáculo em frente ao Copa. No ano seguinte, a festa se estendeu ao terraço e ao salão nobre, de onde quase 1.200 espectadores viram os fogos. Houve um patrocínio e o foguetório aconteceu também no Leme, onde o empresário Mario, da churrascaria Marius, se somou à empreitada, e no Posto 5, com a adesão de outros hotéis da orla.

Em 1983, a festa começou a atrair a cidade para lá. Ricardo Amaral se encarregou da festa até 1988, quando a prefeitura do Rio assumiu sua organização.

Foi o início do Réveillon de Copacabana e sua famosa queima de fogos de artifício, conhecido e reverenciado internacionalmente.

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O hotel não sucumbiu à especulação imobiliária e foi preservado até hoje, e pertence à cadeia Orient Express, desde 1989.

Curiosidade: 

Em 1933, o Copacabana Palace foi utilizado como referência de cenário para o filme “Flying down to Rio”, um marco cinematográfico no qual pela primeira vez dançaram juntos Fred Astaire e Ginger Rogers.





2 comentários:

sonia disse...

Boas informações.

Sol disse...

Quanta historia bonita tem nosso país....uma pena assistirmos o que acontece hoje...