sábado, 5 de agosto de 2017

NARA LEÃO


  . Avenida Atlântica , 2856 - Copacabana  

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Nara Leão ( 1942-1989) foi nossa vizinha ilustre de Copacabana e seu apartamento considerado o berço da bossa-nova. Nascida em Vitória, Nara veio ainda criança para o Rio de Janeiro com sua família, indo morar na Avenida Atlântica 2856, no famoso apartamento onde, mais tarde, passaram a se reunir os jovens que criaram o movimento.
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Extremamente tímida, Nara desistiu de aprender acordeom, instrumento da moda na época, para se dedicar ao violão, sob os cuidados de Roberto Menescal.

Nara e seus novos amigos, trazidos por Roberto Menescal, como Ronaldo Bôscoli, Carlos Lyra e João Gilberto, entre outros, começaram a se reunir em sua casa para buscar ritmos diferentes e fazer uma nova música. Estava definido o ponto de encontro dos artistas que criaram a bossa-nova. Nara Leão tornou-se, então, a musa do movimento.

Com o aumento do interesse pelo novo ritmo, as apresentações nos apartamentos ficaram pequenas. Assim, começaram as apresentações em universidades e boates.

Em 1963, estreou profissionalmente no musical “Pobre Menina Rica”, de Vinícius de Moraes e Carlos Lyra. Apesar da superprodução, o espetáculo não fez o sucesso esperado, que só aconteceu com o lançamento do seu primeiro disco, em 1964, onde Nara surpreendeu com o resgate de músicas de compositores como Cartola e Nelson Cavaquinho, e de músicas engajadas, fugindo da temática da bossa-nova.

A menina tímida, que tinha medo do palco, tornou-se uma mulher com opiniões firmes e contestadoras, chegando a atacar os militares em pleno regime militar:

"Os militares podem entender de canhão
 ou de metralhadora, 
mas não 'pescam' nada de política", 

disse a cantora em uma entrevista em 1966. 

Apesar de o então presidente, Arthur da Costa e Silva, querer enquadrá-la na Lei de Segurança Nacional, uma legião de intelectuais saiu em sua defesa, entre eles o poeta Carlos Drummond de Andrade.

Nara lançou vários compositores e inúmeras músicas ganharam fama em sua voz de pequeno alcance como "Pedro Pedreiro", "Olê Olá" (ambas de Chico Buarque), "Maria Moita" (Carlos Lyra / Vinicius), "Corisco" (Sergio Ricardo/ Glauber Rocha), "Esse Mundo É Meu" (Sergio Ricardo), "Maria Joana", "Pede Passagem" (Sidney Miller), "Recado" (Casquinha/ Paulinho da Viola), "Coisas do Mundo, Minha Nega" (Paulinho da Viola), "João e Maria" (Sivuca / Chico Buarque), "Com Açúcar, com Afeto" (Chico Buarque), "Apanhei-te Cavaquinho" (Ernesto Nazareth / Nara Leão), além de praticamente todos os clássicos da bossa nova.

O emblemático álbum de 1964, pela gravadora Elenco



Foi com a “A Banda”, de Chico Buarque, que Nara ganhou o II Festival de Música Popular Brasileira, em 1966.



Ao lado de João do Vale e Zé Kéti, a cantora foi a estrela do show Opinião, escrito por Oduvaldo Vianna Filho, Armando Costa e Paulo Pontes, um dos mais aclamados da MPB. Por problemas de saúde, foi substituída por Maria Bethânia. Em seguida, estreou o espetáculo 'Liberdade, Liberdade', que foi censurado, permanecendo pouco tempo em cartaz.

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Após um tempo no exílio na Itália e na França, casada com o cineasta Cacá Diegues, Nara teve sua primeira filha, Isabel, e retornou ao Brasil, onde teve o seu segundo filho, Francisco. Nesta fase, dedicou-se quase que exclusivamente aos filhos e ao curso de Psicologia na PUC.

Nara Leão retomou aos poucos sua carreira, cantando com amigos e fazendo shows por todo mundo, principalmente no Japão, onde fazia muito sucesso. Aos 47 anos, na manhã de 7 de junho de 1989, a cantora faleceu devido a um tumor inoperável no cérebro.

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Curiosidades:

  • Em sua estreia, Nara ficou tão nervosa que se apresentou de costas para o público. 
  • Nara Leão foi uma das primeiras cantoras consagradas a apoiar a Tropicália, o movimento musical que revelou grandes nomes como Caetano Veloso e Gilberto Gil. 

Seu grande parceiro e amigo Roberto Menescal compôs a linda canção Nara, em sua homenagem, juntamente com a compositora Joyce.





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