domingo, 17 de setembro de 2017

JOSÉ LINS DO REGO


  . Rua General Garzon,  10  - Jardim Botânico  

Imagem relacionadaFrequentador assíduo da Confeitaria Colombo, José Lins do Rego ( 1901-1957) é considerado um dos maiores ficcionistas da língua portuguesa e mestre do regionalismo. O escritor assim se descrevia:
“Não gosto de trabalhar, não fumo, durmo com muitos sonos, e já escrevi 11 romances. Se chove, tenho saudade do sol, se faz calor, tenho saudade da chuva. Tenho os poderes de Deus, e fui devoto de Nossa Senhora da Conceição. Enfim, literato da cabeça aos pés, amigo dos meus amigos e capaz de tudo se me pisarem nos calos. Perco então a cabeça e fico ridículo. Afinal de contas, sou um homem como os outros e Deus permita que assim continue”.
José Lins do Rego Cavalcanti era filho de fazendeiros e foi criado pelo avô em um engenho de açúcar no interior da Paraíba. Romancista da decadência dos senhores de engenho, sua obra baseia-se em memórias e reminiscências e descreve um sistema econômico de origem patriarcal, abordando também outros temas da cultura nordestina como o cangaço e o misticismo do povo.

Casa do Engenho do Corredor, Pilar- Paraíba.
Local de 
nascimento de José Lins do Rego. 


Em 1912, publicou seu primeiro artigo em um jornal de João Pessoa, e, em 1920, já estudante de direito em Recife, passou a assinar uma coluna literária no jornal “Diário do Estado da Paraíba”. Seu primeiro livro, publicado em 1932 e custeado com recursos próprios, foi “Menino do Engenho”, que recebeu o Prêmio da Fundação Graça Aranha e tornou-se um grande sucesso.

Nascido no Engenho Corredor, no município de Pilar, em 1901, formou-se advogado no Recife, trabalhou em Manhuaçu, MG, como promotor público, em Maceió, como fiscal de bancos, até ser nomeado fiscal de consumo, em 1935, e ser transferido para o Rio de Janeiro, onde foi nosso vizinho ilustre em dois bairros: Botafogo e Jardim Botânico. Residiu primeiro na Rua Álvaro Chaves, em Botafogo. E, depois, por muitos anos no Jardim Botânico, meio Lagoa, em uma casa construída pela família, na Rua General Garzon, 10, que é tema do livro “Garzon 10 e outras histórias” de autoria de sua filha, a embaixatriz Maria Christina Veras, e onde funcionou por muitos anos a Escola do Pão.



desenho da fachada da casa da General Garzon,
quando era residência de José Lins do Rego



 casa da General Garzon, nos últimos tempos,
como Escola do Pão, antes da demolição


A casa era tratada como uma extensão do latifúndio do avô, no qual fora criado no Nordeste. Uma parte dos móveis vieram de lá. Duas cadeiras, mesa e um sofá e na cozinha, na falta de um relógio de parede, posava um Patek Philip de bolso em ouro que também ficara de herança. Uma casa do tempo em que as casas tinham galinheiros e os cavalos do Jockey passeavam tranquilamente pelas ruas.
A partir da publicação de seu segundo livro, “Doidinho”, o escritor foi contratado pela Editora José Olympio e passou a publicar um romance por ano: “Banguê”, em 34, “O Moleque Ricardo”, em 35, “Usina”, em 36, “”Pureza”, em 37, “Pedra Bonita”, em 38, e “”Riacho Doce”, em 1939, tema de uma minissérie da TV. “Histórias da Velha Totonha”, ilustrado pelo famoso artista plástico Santa Rosa, foi seu único livro destinado ao público infantil.

Destacou-se como cronista, tendo assinado mais de mil e quinhentas crônicas, entre 1945 e 1957. Em sua coluna “Conversa de Lotação”, publicada em O Jornal, da cadeia dos Diários Associados, tratava tanto sobre a cidade quanto sobre os filmes que assistia nos cinemas.

Já em sua coluna do Jornal dos Sports, “Esporte e Vida”, falava sobre futebol, tema que galvanizava o então Distrito Federal.


Jose Lins do Rego e Zizinho


José Lins do Rego foi responsável por fomentar esta discussão diária sobre futebol,
 com a criação de uma confraria de torcedores do Flamengo,
chamada Dragões Negros.

José Lins do Rego Flamengo - Pesquisa Google
José Lins do Rego e o "manto sagrado"

Se sua confraria literária se reunia na Livraria José Olympio, situada na Rua do Ouvidor, a confraria esportiva se reunia na Confeitaria Colombo, na Gonçalves Dias, reunindo, em uma mesa cativa, personalidades ilustres ligadas ao clube, como Ary Barroso, Fadel Fadel, Gilberto Cardoso.


Eleito para a Academia Brasileira de Letras, em 1956, viu sua obra traduzida para outros idiomas, adaptada para o teatro, para o cinema e para a TV, e tornou-se um escritor de grande prestígio. “Fogo Morto” - publicado em 1943 é considerado sua obra-prima e “Cangaceiros”, publicado em 1953 e ilustrado por gravuras de Cândido Portinari, foi seu último romance, enquanto “Meus Verdes Anos”, um livro de memórias, foi sua derradeira obra, publicado em 1956, um ano antes de sua morte no Rio de Janeiro.








Curiosidade:

Em seu discurso de posse na ABL, referiu-se ao seu antecessor, o ministro do Supremo Tribunal Federal Ataulfo de Paiva, como alguém que “chegou à Academia sem nunca ter gostado de um poema”. A partir desta fala, todos os seus discursos na ABL passaram a ser previamente censurados.




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