segunda-feira, 27 de março de 2017

O blog tem como tema nesse mês de MARÇO... o ANIVERSÁRIO DO RIO
                             que se comemorou dia 1° de março.
A cada semana um nome celebrando a festa!

NOSSOS VIZINHOS ILUSTRES  de MARÇO
              
   .  André Filho
   . Cecília Meireles
   .  Coelho Neto
   .  Carlos Lacerda

domingo, 26 de março de 2017

CARLOS LACERDA

 . Praia do Flamengo, 224 cobertura -  Flamengo  

O primeiro governador do antigo estado da Guanabara de 1960 a 1965,
Carlos Lacerda ( 1914 - 1977), foi um dos personagens mais controversos da política brasileira.

Considerado um ícone da política nacional por sua presença nos momentos de grandes transformações do século passado, Lacerda não foi apenas um político combatente, mas também um jornalista , empresário  e o grande gestor  que essa nossa cidade teve.

Seu governo no antigo estado da Guanabara destacou-se pela construção de grandes obras que mostraram suas habilidades como administrador. Universalizou o acesso ao ensino primário e chegou a publicar um decreto prevendo processo para os pais que não matriculassem seus filhos na escola. Modernizou a gestão, tornou obrigatório o concurso público, investiu como nunca em saneamento básico, investiu em obras estratégicas, como a estação Guandu, os túneis Rebouças e Santa Bárbara, construiu o Parque do Flamengo. Educação, urbanização e habitação foram as áreas mais beneficiadas, e que até hoje, não por acaso, dão a Lacerda um lugar privilegiado na memória carioca.

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Flamengo, antes só a praia. Depois, o aterro e o parque.

Parque que surgiu do convite de Lacerda à amiga 
arquiteta e urbanista Lota Macedo Soares,
que o idealizou e coordenou o grupo que transformou 
um aterro em uma grande área de lazer. 
Lacerda sempre afirmava 
que ela realizou a obra com dedicação, lealdade e bravura.


Carlos Lacerda foi nosso vizinho ilustre em dois bairros:

Copacabana, à Rua Toneleros, 180
e Flamengo, na Praia do Flamengo, 224.





Foi no endereço de Copacabana que ele, inimigo político declarado de Getúlio Vargas, acabou vítima de atentado a bala na porta do prédio em 5 de agosto de 1954, quando voltava de uma palestra no Colégio São José, na Tijuca. Nesse atentado morreu o major da aeronáutica Rubens Vaz, membro de um grupo de jovens oficiais que se dispuseram a acompanhá-lo e protegê-lo das ameaças que vinha sofrendo. Atingido de raspão em um dos pés, Lacerda foi socorrido e medicado em um hospital. Lá mesmo, acusou os homens do Palácio do Catete, sede do poder executivo, como mandantes do crime.

Um dos líderes civis da Revolução de 1964,  voltou-se porém  contra o Regime Militar, com a prorrogação do mandato do presidente Castelo Branco, que suspendeu as eleições previstas para 1965 e obteve a prorrogação de seu mandato até março de 1967. Segundo Lacerda, a prorrogação do mandato de Castelo Branco levaria à consolidação do governo em uma ditadura militar, o que realmente aconteceu.

Em 28 de outubro de 1966 lançou o movimento político FRENTE AMPLA, através de um manifesto dirigido ao povo brasileiro e publicado no jornal Tribuna da Imprensa.

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Lacerda e JK                                                                              



                                                                                            Lacerda e  Jango   


Com o objetivo de lutar pela “restauração do regime democrático” no Brasil, com a participação dos ex-presidentes Juscelino Kubitschek - exilado em Lisboa - e João Goulart - vivendo no Uruguai - a FRENTE deu início a mobilizações públicas, com comícios. No dia 5 de abril, por intermédio da Portaria nº 117 do Ministério da Justiça, todas as atividades da Frente Ampla foram proibidas e Carlos Lacerda foi cassado pelo Regime Militar.                                                                                   

Em 1965 fundou a editora Nova Fronteira. Escreveu numerosos livros, entre eles O Caminho da Liberdade (1957), O Poder das Ideias (1963), Brasil entre a Verdade e a Mentira (1965), Paixão e Ciúme (1966), Crítica e Autocrítica (1966), A Casa do Meu Avô: pensamentos, palavras e obras (1977). Depoimento (1978) e Discursos Parlamentares (1982) foram compilados e publicados após a sua morte.

Morreu na madrugada 21 de maio de 1977, em uma clínica particular , estranhamente após ter contraído uma gripe comum. Em 20 de maio de 1987, através do decreto federal nº 94.353, teve restabelecidas, post mortem, as condecorações nacionais que foram retiradas e reincluído nas ordens do mérito das quais fora excluído em 1968.

Curiosidades

  • Seu poder de atração residia, essencialmente, na palavra, no talento de orador.
    Em uma carta , Carlos Drummond de Andrade, em 1976, dele diz:
           “Ninguém é indiferente ao charmeur irresistível que você é; mesmo os que dizem detestá-lo, no fundo, gostam de você. Gostam pelo avesso, mas gostam”.
  • Autor de frases memoráveis, e atuais, como
“A impunidade gera a audácia dos maus.”  
"Pobre Brasil este, tão parecido com o estádio do Maracanã: enorme, esburacado; explorado, sempre ameaçado de ruir e onde quase tudo ainda está pôr fazer, inclusive uma limpeza de alto a baixo." 
"A ideia de que tudo é a mesma coisa, de que todos são canalhas e portanto, viva a canalhice, apossou-se do Brasil."


domingo, 19 de março de 2017

COELHO NETO


 . Rua do Roso, 79 (atual Rua Coelho Neto) -  Laranjeiras  


Henrique Maximiniano Coelho Neto (1864-1934) foi escritor, político, professor brasileiro, membro fundador da Academia Brasileira, nela ocupando a cadeira nº 2.

É considerado o pioneiro a usar a expressão Cidade Maravilhosa.

Embora circulem outras versões para o nascimento da expressão, há registros de que ela foi criada mesmo pelo escritor no artigo “Os sertanejos”, publicado no jornal A Notícia, de 29 de outubro de 1908, que depois a inseriu, em 1928, no seu livro chamado Cidade Maravilhosa,com uma série de crônicas sobre o Rio de Janeiro.


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A outra versão para a expressão Cidade Maravilhosa diz que surgiu em 1913, no livro de poemas La Ville Merveilleuse, da escritora francesa Jane Catulle-Mendès, que visitara o Rio dois anos antes. A mesma expressão foi também utilizada para batizar o programa radiofônico “Crônicas da Cidade Maravilhosa”, no início da década de 1930 por César Ladeira, na Rádio Mayrink Veiga.

Coelho Neto iniciou sua carreira no jornal Gazeta da Tarde e prosseguiu-a no diário Cidade do Rio, de propriedade de José do Patrocínio - dedicado à pauta antiescravagista - e depois no Diário de Notícias, de Rui Barbosa. Formou com mais alguns amigos o grupo da "boemia literária" do Rio de Janeiro, do qual faziam parte Olavo Bilac, Luís Murat, Guimarães Passos e Paula Ney. A história dessa geração apareceria depois em seus romances A Conquista e Fogo Fátuo.

De sua extensa obra literária -composta por mais de cem livros e aproximadamente 650 contos -  destacamos um soneto que se tornaria famoso "Ser Mãe".

Ser mãe é desdobrar fibra por fibra 
o coração! Ser mãe é ter no alheio 
lábio que suga, o pedestal do seio, 
onde a vida, onde o amor, cantando, vibra. 

Ser mãe é ser um anjo que se libra 
sobre um berço dormindo! É ser anseio, 
é ser temeridade, é ser receio, 
é ser força que os males equilibra! 

Todo o bem que a mãe goza é bem do filho, 
espelho em que se mira afortunada, 
Luz que lhe põe nos olhos novo brilho! 

Ser mãe é andar chorando num sorriso! 
Ser mãe é ter um mundo e não ter nada! 
Ser mãe é padecer num paraíso!


Resultado de imagem para hotel metropole, laranjeirasCoelho Neto, nosso vizinho ilustre, morou no início do seu casamento, com a mulher Maria Gabriela em uma pequena casa na Rua Silveira Martins, no bairro do Catete. Depois, o casal mudou-se para Campinas e no seu retorno ao Rio, três anos depois, viveu no Hotel Metrópole, que ficava na Rua das Laranjeiras nº 519 , em Laranjeiras, que hoje não mais existe.
Como a vida em hotel cansa , em 1905 Coelho Neto alugou uma casa na Rua do Roso, 79 (atual  Rua Coelho Neto) esquina com Pinheiro Machado, em Laranjeiras, na qual viveu até morrer.

Sua herma, obra do escultor português Pinto do Couto, ficava na praça Areal, no bairro de Coelho Neto. A estátua foi furtada na década de 80, tendo sido substituída apenas em 2011 por outra de autoria do escultor Joás Pereira dos Passos. Ela permanece no mesmo local, que desde 1949 recebe o nome de Praça Professora Virginia Cidade.

Curiosidade

Coelho Neto cultivou praticamente todos os gêneros literários e foi, por muitos anos, o escritor mais lido do Brasil, principalmente nas primeiras décadas do século XX, tendo provavelmente a sua maior consagração ao ser nomeado, em votação aberta ao público promovida pela revista O Malho, o "Príncipe dos Prosadores Brasileiros", em 1928.




domingo, 12 de março de 2017

CECÍLIA MEIRELES



 . Rua Smith de Vasconcelos, 30 -  Cosme Velho 


Resultado de imagem para cronica trovada da cidade de san sebastian"...Liberdade, essa palavra
que o sonho humano alimenta
que não há ninguém que explique
e ninguém que não entenda..."

Cecília Meireles (1901-1964), autora de uma vasta obra poética, foi a Crônica Trovada da Cidade de San Sebastiam, obra inacabada em homenagem ao Quarto Centenário do Rio, da qual só chegou a compor os primeiros vinte poemas, que definiu a escolha de Cecília Meireles para este mês de março de 2017, quando comemoramos os 452 anos de fundação da nossa mui heroica Cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro. A autora desejava escrever um romanceiro completo em homenagem ao Rio, mas morreu após longa enfermidade. Obra dedicada à capital do ex- estado da Guanabara, com letra da poetisa e música de Camargo Guarnieri, são da Cantata os seguintes versos, que encerram a Crônica Trovada.

“Levantaremos todos os dias esta Cidade, sempre maior e mais bela, pois os seus naturais aumentam mais a beleza da terra.
“Levantaremos esta Cidade, Rainha das províncias e empório do mundo, e nela marcaremos a nossa vontade, o nosso destino, o nosso rumo”.

Filha de Carlos Alberto de Carvalho Meireles, funcionário do Banco do Brasil, e de D. Matilde Benevides Meireles, professora municipal, Cecília Benevides de Carvalho Meireles nasceu na Rua da Colina, na Tijuca, em 7 de novembro de 1901. Concluiu seu curso primário na Escola Estácio de Sá, onde recebeu de Olavo Bilac, inspetor escolar do Rio de Janeiro, medalha de ouro por ter feito todo o curso com “distinção e louvor”.

"Nasci aqui mesmo no Rio de Janeiro, três meses depois da morte de meu pai, e perdi minha mãe antes dos três anos. Essas e outras mortes ocorridas na família acarretaram muitos contratempos materiais, mas, ao mesmo tempo, me deram, desde pequenina, uma tal intimidade com a morte, que docemente aprendi essas relações entre o Efêmero e o Eterno”.


Passeando pelo bairro do Cosme Velho, visitamos 
a primeira voz feminina de grande expressão 
na literatura brasileira, 
que tinha a musicalidade de seus versos, 
como uma das marcas do seu lirismo


 

Cecília Meireles foi nossa vizinha ilustre no bairro do Cosme Velho, na Rua Smith de Vasconcelos, 30.



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Professora diplomada pelo Instituto de Educação, exerceu o magistério no
antigo Distrito Federal até 1951, quando se aposentou. Criou e dirigiu a primeira biblioteca infantil do Rio de Janeiro, o Centro Infantil, que funcionou durante quatro anos no antigo Pavilhão Mourisco, no bairro de Botafogo.









foto da entrada da casa, abaixo à direita



Na biblioteca de sua casa, 
no sobrado da casa contemplando a paisagem 
ou passeando e apreciando as belezas do bairro, 
como o Largo do Boticário, 
 Cecília conviveu com o Cosme Velho.


   


Conhecida como a poeta da alma, são de sua autoria alguns dos mais belos versos da literatura brasileira, como Espectro, seu primeiro livro de poesias. Seguiram-se Nunca Mais, Poema dos Poemas, Baladas para El-Rei, Ou Isto ou Aquilo, obra prima dedicada ao público infantil, Solombra, Mar Absoluto e Romanceiro da Inconfidência, uma de suas obras mais conhecidas.

Realizou inúmeras viagens ao exterior, fazendo conferências sobre literatura, educação e folclore, uma de suas especialidades, em todos os continentes. Sua obra teve reconhecimento internacional: em 1952, tornou-se Oficial da Ordem de Mérito do Chile e, no ano seguinte, recebeu o título de sócia honorária do Instituto Vasco da Gama, de Goa. Foi também agraciada com o título de Doutora Honoris Causa pela Universidade de Déli, ambas na Índia, além de receber os prêmios de Tradução/Teatro, da Associação Paulista de Críticos de Arte, o Prêmio Jabuti de Tradução de Obra Literária, pelo livro "Poemas de Israel", da Câmara Brasileira do Livro e o Prêmio Jabuti de Poesia, pelo livro "Solombra", da Câmara Brasileira do Livro.

Faleceu no Rio de Janeiro em 9 de novembro de 1964, recebendo inúmeras homenagens, após sua morte. Foi agraciada pela Academia Brasileira de Letras com o Prêmio Machado de Assis, pelo conjunto de sua obra, e emprestou seu nome à Sala Cecília Meireles, o grande salão de concertos e conferências do Largo da Lapa, na cidade do Rio de Janeiro.


Em 15 de janeiro de 1989 entrou em circulação 
o Cruzado Novo, 
que teve na nota de 100 cruzados novos 
a imagem de Cecília Meireles.





 


sábado, 4 de março de 2017

ANDRÉ FILHO


 . Rua do Matoso, 78 -  Catumbi  



Resultado de imagem para andre filho compositorAntônio André de Sá Filho, ou simplesmente André Filho (1906-1974), apesar de ser o compositor de Cidade Maravilhosa, hino oficial do Rio, e de cerca de 500 canções, foi solenemente ignorado pela Prefeitura da cidade em todas as comemorações pelos seus 450 anos e que se realizaram ao longo de 2015.

Bacharel em ciências e letras, André fazia parte de uma família musical: ele tocava bandolim e violino, além de piano e violão. Suas irmãs, formadas pelo Instituto Nacional de Música, e que escreviam as partituras de suas composições, nunca seguiram a carreira artística.

O título Cidade Maravilhosa foi inspirado em um programa radialístico de grande sucesso à época, apresentado por César Ladeira, onde este lia as "Crônicas da Cidade Maravilhosa", escritas pelo futuro Imortal da Academia Brasileira de Letras, Genolino Amado.

Na década de 1960, no governo de Carlos Lacerda, a marchinha de André Filho foi indicada hino oficial da Guanabara, através de um projeto de lei apresentado pelo deputado Salles Netto, seu colega  de turma no Colégio Salesiano.

Cidade Maravilhosa foi composta em 1934, inscrita em um concurso de marchinhas para o Carnaval de 1935. Gravada por Aurora Miranda e André Filho  não levou o primeiro lugar, mas foi consagrada pelo público. Aurora gravou a marcha por sugestão de sua irmã Carmen Miranda, a qual pretendia lançar a irmã mais nova no cenário artístico e na rádio. Carmen passou, então, a incluí-la em todos os seus shows e no coro de suas gravações. Quando André Filho mostrou-lhe a música, Carmen achou que aquela seria uma oportunidade de ouro para a irmã. O compositor concordou imediatamente e, juntamente com Aurora, gravou Cidade Maravilhosa de forma magistral.






As irmãs Miranda foram as maiores intérpretes da obra do compositor.
Carmen gravou mais de 20 músicas de André, dentre elas Alô Alô Bamboleo, sendo que esta última voltou a fazer sucesso, na voz de Ney Matogrosso. Chico Buarque resgatou outra canção de André Filho, a belíssima Filosofia, composta em parceria com Noel Rosa.



Depois de Cidade Maravilhosa, o compositor experimentou, por cerca de dez anos, um grande sucesso, apresentando um programa na Rádio Nacional, patrocinado pela empresa Café Cruzeiro Extra, que pertencia ao seu avô e cujo slogan, de sua autoria, “Gostoso até sem acúcar”, é lembrado até hoje.

André Filho foi nosso vizinho ilustre em vários endereços da cidade. 

Nasceu pelas mãos de sua avó portuguesa, parteira, no dia 21 de março de 1906, na Rua da Ajuda, residência de sua bisavó. Em seguida, a família mudou-se para a Rua Catumbi, 67 - a casa branca e azul, da foto ao lado, -   onde funciona hoje a Associação Comercial daquele bairro. 
Quando André tinha 12 anos, houve nova mudança para a Rua do Matoso, 78, onde foi composta a célebre marchinha Cidade Maravilhosa. Hoje, este endereço abriga um supermercado.
Em 1942, a família mudou-se para Copacabana, residência de seu avô.
Era um lindo casarão com grandes vitrais coloridos, na Rua Xavier da Silveira, 73 e que ocupava todo o quarteirão até a Rua Miguel Lemos. Ali se reunia a elite musical da cidade e ali foram realizados inúmeros bailes no grande salão da residência que podia abrigar até 100 pares rodopiando pelo grande espaço.

André Filho residiu em Copacabana até morrer em 1974. Após o falecimento de sua avó, em 1976, o casarão foi vendido e demolido dando lugar à construção de um hotel e de um prédio residencial. Curiosamente, a casa de número 75, da mesma rua, foi tombada em 1976 pela Prefeitura da cidade do Rio de Janeiro e hoje pertence ao INSS. A casa de André Filho, não.