sábado, 19 de agosto de 2017

GAROTO


  . Rua Constant Ramos , 30 - Copacabana  

Imagem relacionadaAníbal Augusto Sardinha , músico que ganhou o apelido de Garoto (1915 – 1955) porque já tocava na rádio como “moleque do banjo” e “garoto do banjo”, quando tinha ainda 11 anos.

Quando se fala em Garoto, lembra-se logo do autor de Gente Humilde e Duas Contas. Mas ele foi muito mais que isso.





Imagem relacionadaJá no início da carreira, nos anos 1930, nos Estados Unidos  passou a acompanhar, como convidado, Carmen Miranda e o Bando da Lua. (Garoto, primeiro à esquerda, em pé).
Gravou com Carmen e pra ela destacam-se os arranjos para as músicas South American Way , Touradas em Madri, O que é que a baiana tem?

Nos EUA, Garoto foi ouvido por ilustres músicos americanos, como Duke Ellington, Art Tatum e Jesse Crawford, que o chamou de “O Homem dos Dedos de Ouro”.

Com seu conjunto vocal e instrumental chamado Garoto e Seus Garotos, acompanhou diversos artistas como Ciro Monteiro, Dircinha Batista, Aracy de Almeida, Orlando Silva e Francisco Alves; tocou com a pianista Carolina Cardoso de Menezes, participou com seu violão dos dois primeiros discos de Luiz Gonzaga, até a partir de 1942, iniciar o período mais fértil da sua vida artística, estreando na Rádio Nacional.
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 A participação de Garoto na Rádio Nacional foi intensa: além de atuar em Um Milhão de Melodias como integrante da orquestra e, muitas vezes, como solista, tinha os próprios programas: Garoto e seus Instrumentos e Garoto e Seus Solos. Além disso, integrava a Orquestra All Stars, dirigida pelo maestro Carioca, apelido de Ivan Paulo.

Seu violão se tornou marcante.

"Foi ele quem primeiro adotou no violão 
os acordes dissonantes 
com os chamados intervalos de sétima maior, 
nona e décima terceira, 
assim como os intervalos aumentados, 
que tanto se popularizaram no
Brasil a partir da Bossa Nova."

 Baden Powell, Raphael Rabello, Paulo Bellinati, Yamandu Costa e Marcus Tardelli, só para citar alguns dos maiores violonistas brasileiros, consideraram Garoto como o pai do violão moderno, o reformulador da linguagem harmônica do violão.


Formou o conjunto Bossa Clube, depois o conjunto Clube da Bossa que se apresentavam na Rádio Nacional, sendo o Clube da Bossa às terças-feiras às 17:45, oferecendo aos seus ouvintes uma série de arranjos modernos,e, como crooner exclusivo, Lúcio Alves.

Nos anos 1950, Garoto conviveu intensamente com alguns dos nomes que se destacaram na Bossa Nova. Luiz Bonfá, Dick Farney, o quarteto vocal Os Cariocas,Tom Jobim, Billy Blanco, Dolores Duran, Johnny Alf, Sylvia Telles, Candinho, Luiz Eça, Chico Feitosa e Carlos Lyra eram admiradores de Garoto, de suas harmonias inovadoras e de suas composições que prenunciavam aquele movimento.

Paulista de nascimento, foi criado no subúrbio de Lins de Vasconcelos, morou em Braz de Pina, e depois migrou para a Zona Sul. Foi nosso vizinho ilustre de Copacabana, na Rua Constant Ramos 30 apartamento 1002.



 “Quando apresento esta obra no exterior, todos perguntam se é minha e em que ano a fiz. Sem esconder, digo que foi produzida em 1923 pelo fenomenal gênio brasileiro das cordas, cujo nome artístico é Garoto. Não o conheci, mas Garoto, humildemente, suplico a sua benção. Quanto orgulho tenho de ser brasileiro, bem como da brasilidade musical de ser e interpretar um gênio das cordas,
como foi você, Garoto!"

                                                  violonista Yamandu Costa



Curiosidade

A parceria com Manuel Bandeira.

O jornal Última Hora, em edição de 02/05/1955, véspera da morte de Garoto, deu a seguinte nota, com o título “Garoto vai gravar”:“Garoto, o do violão (São Paulo Quatrocentão), vai gravar, dentro de poucos dias, duas novas músicas na Odeon. Trata-se, de um lado, de Tema e Variações, de Manuel Bandeira e, do outro lado, Ausência, de Edna Savaget.”

A inusitada parceria entre Bandeira e Garoto aconteceu da seguinte maneira: numa reunião musical na casa de Fernando Tude de Souza, então diretor da Rádio Ministério da Educação, o violonista encontrou o poema de Manuel Bandeira, Tema e Variações, numa das páginas da revista Café Society.

Sentindo-se tocado pelo poema, Garoto o musicou em menos de meia hora. Em uma das reuniões do Clube dos Amigos do Samba, realizada no Automóvel Clube do Brasil, Garoto fez uma gravação desta música para oferecer ao poeta

(“Bandeira sambista”, Correio da Manhã, 26/03/1955, Flagrantes).



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